terça-feira, 8 de setembro de 2015

BAREBACK: fantasia, fetiche ou loucura?

CONCEITO:  Traduzido ao pé da letra como "costas nuas", se aplica quando montam nas costas do cavalo sem sela, aquela proteção que não deixa cair. Levando para dentro do sexo, seria algo como "cavalgar sem sela". Deu pra imaginar o que significa? Bareback é o termo usado para definir sexo sem camisinha que os filmes pornôs mostram tão bem, mas que na realidade oferece riscos e gera polêmica.

Transar sem camisinha para uns é um fetiche, para outros uma fantasia, e ainda existem aqueles que não é nem opção.
Pouco tem a ver com "camisinha atrapalha" ou "quero sentir pele na pele". Parte mais do tesão visual além do tátil e, a certos pontos, do risco de fazer algo proibido (adrenalina).

Desse ponto visual, pornôs possuem grande culpa na disseminação do bareback da mesma maneira que ajudou a construir o ideal de corpo masculino (pauzão), do exagero feminino para os homens (na cama e fora dela) e da dissociação do prazer como construção conjunta para a estimulação relâmpago e barulhenta.

Essa prática está inserida tanto no "meio" homo quanto hétero, que ainda é mais comum ao registrar cenas de sexo sem camisinha do que entre dois homens, pois casais heterossexuais pensam menos nas doenças que podem ser contraídas e mais no fator "engravida ou não engravida". Como a cultura gay ficou tachada como grande hospedeira do HIV, o cuidado sexual entre homens passou a ser mais preocupado e falsamente limitado a essa minoria.

MAS E SE FOR COM UM PARCEIRO FIXO?

A questão é que pessoas namoram por uma semana e já estão trocando anéis (outro trocadilho). Como confiar no histórico de exposição sexual/higiênica? O problema é acharmos que nunca vai acontecer com a gente, que consequências de atitudes impulsivas são que nem raios: você nem imagina a possibilidade durante o ato. Mas depois fica com culpa, medo e paranóia. Se há vontade do casal praticar, que haja preparo para evitar surpresas. Afinal, também não é um bicho de sete cabeças. Só que cuidado é bom para a experiência ser incrível e realizar fantasias faz parte da experimentação. Até porque, em casais de longa data com base de confiança afirmada, o ato sexual se torna ritualístico, mas não fica robótico.

Àlguns meses atrás alguns mecanismos da imprensa tradicional veicularam reportagens a respeito da prática do bareback, que consiste em sujeitos que transam, por opção, sem camisinha. Além disto, a prática do bareback também envolve encontros que recebe o nome de “The Gift”, em português “o presente”, e neste caso, o presente trata-se da transmissão do HIV. Estas festas/encontros acontecem desde o início deste século nos EUA, Europa e também no Brasil, assim como em outras regiões da América Latina.

A prática do bareback é vista com espanto e condenada por muitos. Porém, ela desnuda todo o debate em torno da liberdade do corpo. Se existe um grupo que opta e sente prazer em transar sem camisinha e, no extremo, sente fetiche/excitação em um jogo que envolve a transmissão (consentida, diga-se) do HIV, há também uma gama de sujeitos que transam sem camisinha, não por serem praticantes do bareback, mas, por simplesmente não usarem o preservativo.

A questão é: isso é um caso de polícia? Se as campanhas de prevenção não sensibilizam mais jovens quanto ao significado de se ter AIDS, não são então as ações destinadas à prevenção que estão equivocadas? Para o sociólogo Bruno Puccineli (Unicamp), as abordagens equivocadas sobre certas práticas sexuais podem trazer de volta “campanhas de pânico moral”.

Para Bruno “Voltamos para a campanha do medo, que foi tão comum nos governos Sarney e Collor. E para uma campanha do medo surtir efeito há de se criar um ‘outro’ que amedronta. Ora, quem dá medo é o vírus? Certamente. Mas ele só dá medo pelo estigma criado em torno de seu portador, e daí fica fácil entender como gays que assumem não usar camisinha se tornam foco desse tipo de estigmatização, criminalização social”.

Ninguém é contra as campanhas de prevenções em torno das doenças sexualmente transmissíveis (DST), porém, nos últimos anos o discurso do “grupo de risco” tem adquirido força, não pelos meios estatais, mas principalmente por algumas abordagens jornalísticas que sempre focam suas matérias em homens homossexuais. A impressão que fica é que retornamos para os anos 1980, quando a propagação da Aids dizia respeito aos gays, fato que se mostrou equivocado.

O pesquisador também questiona o fato de que, sempre que saem pesquisas novas sobre o HIV/Aids, gays são sempre o foco de reportagens, mas há pouco tempo o Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa com base em dados de 2013 mostrou que 94% da população sexualmente ativa reconhecem a eficiência da camisinha como prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), mas que 45% admitem que não recorreram ao método nos 12 meses anteriores ao levantamento. O resultado foi divulgado durante lançamento de campanha de prevenção de DST/Aids no carnaval, que aconteceu na sede da pasta federal. Esse número inclui todo mundo, homo, hetero, bi, então por que é noticiado que existem gays que não usam camisinha como um fato extraordinário?”, critica.

Com esses dados, eu deveria imaginar que há muitas pessoas que não usam camisinha. Dentro de um ônibus lotado, por exemplo, talvez metade das pessoas voltando pra casa no final de um dia de trabalho não vão usar camisinha à noite depois de verem a novela, e uma delas pode ser eu.

Há muitos motivos para se usar ou não a camisinha, tratar quem decide, por “n” motivos, não usar camisinha como um grupo monolítico, com um certo perfil que sabemos bem qual é (ou bicha, ou drogado, ou puta, isso nunca mudou) é mais um dos tiros no pé das ações de prevenção. E ela não é o único meio de prevenção, mas o discurso hegemônico que prega a camisinha tem como efeito colateral criar sujeitos “maus” que não usam “de propósito”. A mesma pessoa que aponta o dedo acusando outra de não usar camisinha provavelmente também não usa, mas ela acha que é melhor do que a outra. E assim seguimos criando essa alteridade que traz a morte, algo que também pode ser estendido para a discriminação ao Islã, aos negros.

Que caminhos você apostaria para dialogar com as pessoas praticantes do sexo sem camisinha?

Bruno dá a dica: Não separá-las do resto da população, até porque na prática elas não estão separadas. Tratar como um grupo diferente é tapar o sol com a peneira. Quem tem HIV ou não usa a camisinha está do seu lado no ônibus, bebe com você, dança com você e transa com você, é qualquer pessoa.
Precisamos falar sobre prevenção de forma global, não só se se usa camisinha ou não. Têm as profilaxias pré e pós exposição. Saber seu status sorológico, se tem ou não HIV e a quantidade de vírus também é meio de prevenção. Punheta também. Se há mais tesão, chupa. Se não dá pra evitar a penetração, não goza dentro. Semelhante à política de redução de danos, há vários meios de prevenção que não incluem a camisinha.
E se o resultado der positivo, é fazer o tratamento. Isso baixa a quantidade de vírus e diminui a probabilidade de transmissão em caso de sexo sem camisinha. Pessoas com HIV são como você e eu: também sentem tesão e também acabam fazendo sexo sem camisinha. É direito delas.

"As pessoas perdem a noção do perigo em busca do prazer explica" Jorge Eurico Ribeiro, 40 anos, coordenador de Estudos Clínicos da Fiocruz.

Os casos acumulados de Aids no país nesse período foram 506.499. Desses, 333.485 (66%) são homens e 172.995 (34%), mulheres. Em 2007, registraram-se 33.689 novos portadores.

Seja homo, bi ou hetero, todos praticaram sexo sem camisinha. A irresponsabilidade tem preço. E alto. Dos cofres públicos do governo federal saem cerca de R$ 1 bilhão por ano para tratamento exclusivo de soropositivos. Um paciente consome de R$ 5.300 a R$ 26.700 por ano. Cerca de 20 mil pessoas infectadas iniciam tratamento com anti-retrovirais no país, anualmente. Sinceramente, não me preocupo com essa questão e nem me sinto culpado. Não estou nem aí em ser um ônus para o governo enfatiza R. H.

Um estudo, em 2009, com 554 homens assumidamente homo ou bissexuais, residentes na Califórnia, apontou que 70% estavam familiarizados com o termo barebacking e que 14% já o haviam praticado, muitos em relacionamentos extraconjugais.

De acordo com a pesquisa, dos homens HIV positivos que participaram do estudo, 22% declararam ser barebackers e 4% dos negativos também tinham feito sexo inseguro nos últimos 7 anos.

QUANDO O REMÉDIO É DESCULPA PARA FICAR DOENTE

Difundida principalmente nos Estados Unidos (Califórnia, em primeiro lugar) e na Europa, a prática do barebacking é polêmica. Os adeptos do bare alegam que, em função dos avanços atuais relacionados ao tratamento anti-HIV e à facilidade de acesso a ele, caso sejam contaminados não perderão em qualidade de vida.

"Temos os anti-retrovirais, medicamentos que inibem a reprodução do vírus e potencializam o sistema imunológico. Isso impede o surgimento de enfermidades oportunistas (Aids)" - ressaltam.
Ainda defendem como ponto positivo para não abrir mão da prática o fato de a ansiedade e a angústia frente ao possível contágio pelo HIV desaparecerem, assim que se descobrem soropositivos. Isso é sinônimo de libertação, pois que o uso do preservativo passa a ser descartado.

A terrível tendência de comportamento existe. Há, de fato, homens, na maioria homossexuais, que querem ser infectados pelo HIV e outros que têm o prazer de ajudá-los a tornar esse desejo realidade.

Psicólogos, antropólogos e sociólogos teorizam sobre distúrbios de comportamento ou disfunção social. Para o resto do mundo, não passam de estúpidos ou patéticos.

Mas quem pratica sexo sem preservativo não pode ser considerado ingênuo.

CONCLUINDO, MAS NÃO ENCERRANDO

Arriscar uma vida inteira por uma gozada,VALE A PENA MESMO?

VOCÊ DECIDE!!!

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1- http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/01/pesquisa-diz-que-45-admitem-fazer-sexo-sem-camisinha-diz-ministerio.html
2- www.discipulosdepeterpan.com.br/2014/03/o-que-e-bareback-sexo-sem-camisinha.html

4 comentários:

  1. Excelente o texto. Parabéns!!

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  2. Análise muito legal abordando os vários aspectos da prática do "bareback" e a sua relação com as DST (especialmente a AIDS), as campanhas de prevenção e os muitos preconceitos que envolvem o assunto sexo.
    Sexo sem proteção é uma prática de altíssimo risco. Mas também é de altíssimo risco demonizar quem pratica o sexo sem proteção.
    Todo e qualquer sexo deve ser consensual, portanto é fundamental que construamos uma consciência cada vez mais clara do que estamos fazendo para nos colocarmos com muita transparência diante do(s) nossos(s) parceiro(s). A consciência só se faz com informação sem preconceitos. É o que este faz. Parabéns.

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  3. Realmente, a conscientização se faz com a informação imparcial e sem terrorismo, este por sua vez só gera preconceito, intriga e cauterização de mentes!

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